quarta-feira, 6 de maio de 2009

A violência do ponto-de-vista das Andorinhas


Júlia Maria

No parque, um dia como outro qualquer, na parte da manhã, eu a minha mulher andorinha estávamos no ninho alimentando nossos filhotes. Eu acabava de chegar com a comida quando escutamos um grupo de homens bêbados vindo em direção à árvore 14. Na nossa árvore havia 4 apartamentos. Eu morava na cobertura, no 401. Os homens sentaram ao pé da árvore e começaram a brigar. Havia 4 pessoas: John, Fernando, Felipe e Pedro. De repente senti alguma coisa forte que colidiu com a árvore e o apartamento 101 caiu no chão. Os homens pisaram em cima. As andorinhas mais velhas fugiram, mas seus filhotes e os ovos morreram pisoteados.

Eu e minha mulher começamos a arrumar as malas. Os pobres filhotes iriam morrer, pois, não tinham força o suficiente para voar pra longe. Mas o que poderíamos fazer? Quando do nada sentimos uma outra pancada forte na árvore. Eu, minha mulher e meu filho mais velho saímos voando.

Nós vimos, de longe, nossos queridos filhotes sendo pisoteados, morrendo.

O que aconteceu com os pássaros é algo absurdo, pura violência.

Se o homem continuar assim não haverá mais pássaros no mundo! 

Reflita, pense, e mude de atitude!

As andorinhas e a humanidade toda agradece.


Os Aniversariantes


Amanda Rincon

Como todo mundo sabe, não é todo dia que comemoramos nosso aniversário. É dia de festa, presentes, amigos, doces, família e diversão. Você marca uma festa. Ótimo, vem a família toda e seus amigos. Então, você precisa dar atenção para eles. Todos eles. E sempre tem aquela tia que ainda te aperta, aquele tio que faz as piadinhas mais sem graça, do tipo: "onde está fulana? Não estou vendo nenhuma menininha aqui... ah! Vejam como ela cresceu gente!", sendo que você o vê toda a semana. Tem aquelas tias que te trazem de presente uma sandália da Eliana, tamanho 26, no seu aniversário de 13 anos. E o melhor é quando vem as sobrinhas e primas pirralhas que pisam no brigadeiro e pula na sua cama. Se você não der atenção a elas, elas choram. As que não brincam, gritam até o fim da festa, quando se cansam e dormem.

Os amigos sempre vem a mais. Uns são os amigos do primo do filho do padeiro, que é vizinho da tia da tataravó de alguém que por acaso é conhecido seu.

Os aniversários são sempre diferentes do que deveriam ser...Ou melhor, do que se planeja.

Presentes são outro ponto. Não ligo de não ganhar nada e, quando a pessoa não me dá nada é claro que nem pergunto, mas as pessoas já vem com a desculpa de "não tem tempo, depois eu te dou, ok?... o que você quer? Pode dizer que eu te dou!". O depois não chega e claro, ficamos iludidos com aquele presente que nos prometeram. 

Mas, que necessidade horrível de consumismo do ser humano! Porque sempre queremos o mais atual, marcas conhecidas e sempre o outro, porque esse já tem mais de uma semana, a moda é outra.

E sempre, querendo agradar os outros, no fim da festa não festejamos. Por essas e outras o meu aniversário não seria bem só o "meu" aniversário.

Pense Positivo


Florencia Lorenzo

Sábado à tarde. Um bar lotado. Olhando alto, alienada do que os meus amigos conversavam. Começo a prestar atenção e noto que uma amiga comentava melancolicamente dos problemas de sua vida. Problemas com o namorado ou algo do estilo, sei lá, não importa. Então alguém cujo rosto me era apenas familiar, diz:

- Pense positivo.

Não sei por quê aquilo me incomodou muito. Essa ideologia de que tudo dará certo me deixa nervosa. Diga isso a uma criança na áfrica que sofre de leucemia, consome menos que 15 calorias diariamente (e quando consome) e sofre constante medo de ser morta por algum grupo radical. 

Definitivamente não funciona.

E o que mais me parece hipócrita é que justo aqueles que “pensam positivo” são, no geral, pessoas privilegiadas e completamente indiferentes e/ou ignorante dos problemas reais como fome, guerra, pobreza, racismo etc. Assim é fácil pensar positivo.

Não, eu não quero que todos se deprimam ou cometam suicídio em massa. Calma, eu só estou cansada desse otimismo inútil. Tipo “ah, eu fui assaltada, mas pelo menos o ladrão não levou meu abajur”.

Por isso, não pense positivo ou viva no seu próprio mundo rodeado de bolos, livros e pândegas...

4102


Luana Gomes

Lá vinha ele, dobrando a esquina com o número 4102, azul como sempre.

Acentada no ponto de ônibus anciosa, esperando por sua demora, depois de muito tempo ele aparece no ponto lotado de gente.

Todos os dias pego esse ônibus no mesmo lugar, e sempre muito cheio, por coincidência sempre com as mesmas pessoas, o mesmo motorista e o mesmo trocador. Aquele tanto de gente entre gentes, trombando e pedindo desculpas.

Quando esse ônibus chega ao centro da cidade, tem até fila. Para as pessas que dão sinal querendo descer, muitas dessas pessoas tem que descer para as outras pessoas sairem do ônibus. O ruim são aquelas pessoas sem educação que ficam empurrando, pisando nos nossos pés. O ruim é aquele falatório das mulheres fofocando da vida dos outros o tempo todo.

Mas é assim: de um lado é bom, de outro é ruim.


4102


Rotina dançada do século XXI


Isadora Furtado

Às vezes penso no que se passa na cabeça dos pais de bailarinos, que tem de enfrentar o trânsito da cidade grande nos horários de mais pico. Penso que eles se desesperam quando vai chegando o fim da tarde, ainda mais quando está em questão o início de uma noite chuvosa, onde tudo piora. A nossa necessidade de dançar e de ensaiar, a preguiça de sair de casa pra ter de trocar de marcha a cada minuto, devido ao excesso de veículos, toda uma viagem à academia de dança. É tudo extremamente sacrificante.

Sacrificante mas necessário. Extremamente necessário. E importante. Muito importante. Para nós que dançamos, essa é a melhor parte do dia. Contamos os segundos para chegar nesse horário no mínimo estressante para alguns, mas gracioso para outros.

Sabe, pra gente, dançar é algo que não tem preço. Quem gosta mesmo, se dispõe a passar horas e mais horas na academia. Dispõe-se a ter muitos problemas nos pés. Dispõe-se a passar momentos de muito nervosismo para apresentar uma coreografia para os outros. Dispõe-se a perder alguns compromissos para ensaiar. Mas uma coisa é possível ter certeza: independente de todos esses obstáculos que nos cercam, nenhum bailarino se arrepende do que faz. O que nós sentimos pela dança, é uma paixão incalculável e extremamente essencial.

E é isso que eu me pergunto: será que vale mesmo a pena? Infelizmente, está cada vez mais difícil se dedicar de verdade a alguma coisa no século XXI. Esse trânsito, essa correria... Isso tudo mata. Não só dançar e ensaiar, mas o prazer de dirigir e levar os filhos para algo que eles gostem tanto, está ficando cada vez mais sacrificante e estressante.

Ônibus


João Pedro Gontijo

Eu estava andando calmamente para o ponto de ônibus quando vi aquela coisa pequena e amarela dobrando a esquina. Pus-me a correr, e ao mesmo tempo estranhava o horário do ônibus... Eram 6:30, enquanto o ônibus só chegava no ponto 6:35. Por que essa incoerência no horário? Por causa disso, quase perdi o ônibus... Quando entrei no ônibus, o motorista fez uma cara ruim, por que teve que parar depois do ponto, mas que culpa eu tinha?

Quando olhei para o ônibus, vi o corredor dele vazio, não havia nenhuma pessoa em pé, mas em compensação, só havia um lugar vago, e depois que olhei direito para ele achei que estava com sorte, pois o banco estava perto da roleta, e eu provavelmente não teria que passar espremido por bandos de pessoas que fingem não escutar você pedindo licença. Este era meu pensamento até chegar naquele ponto... Esse ponto é conhecido por superlotar o 20, entra umas 15 pessoas que não tem lugar onde sentar... E olha que o 20 é um ônibus suplementar, ou seja, tem metade do tamanho de um ônibus normal. É por isso que acho que deviam mandar dois suplementares ao mesmo tempo, um para as pessoas e o outro para aquele ponto.

Afinal nesse ponto, cerca de 70% das pessoas que entram nele, são de certa forma sem educação. Nesse dia, por exemplo, 7 das 15 pessoas que entraram, ficaram paradas na roleta e 4 do restante não iam para o fundo do ônibus para esperar um lugar vago. O pior é que as pessoas que já estavam em pé ficavam lado a lado, deixando o corredor inviável até mesmo para quem está a um passo de sair dele. Já aconteceu uma lotação que até me fez perder o ponto... Vê se pode? As pessoas tumultuam o corredor por querer e ainda reclamam quando a gente empurra. Se eles escolhem por falta de educação lotar o ônibus de tal forma, por que eu não posso simplesmente empurrar? Eu acho isso babaquice do povo brasileiro.

O jornal de domingo


Luiz Fortini

Era fim de domingo chuvoso, as visitas já tinham ido e eu me encontrava na sala debruçado em cima do caderno. Que 'merda' de assunto eu usaria?! Eram dez horas e eu ainda tinha uma crônica inteira pela frente. Ao meu lado se encontrava o recheado (atualmente de tragédias) jornal de domingo. Peguei o 'Caderno Gerais' e na capa se encontrava ela, a desgraça! Virei a página e lá estava desgraça de novo mexendo com suas maléficas mãos na nossa economia. Virei e revirei e lá estava ela rindo satisfatoriamente. Abri outros 'Cadernos' e lá estava ela em inimagináveis variedades... No banheiro ela estava: marajás, inundações, estupros... Todos amontoados e entalados na minha pilha de jornais.

O que não falta hoje é desgraça. Desgraça é assunto para minha crônica de fim de domingo? 

Proteção e destruição


Maria Moura

Todos estavam vestidos de preto, lágrimas escorriam pelos rostos e todos os olhares na pessoa que se encontrava deitada dentro do caixão, morta. Havia um homem que falava algo aparentemente interminável, olhos um pouco úmidos e a cabeça baixa. Sua voz pairava dura no ar entre os soluços, e no final do seu discurso citou: “Ele foi um homem bom e corajoso, que trocou a própria vida pela segurança do nosso país, e que assim como muitos outros que se foram na guerra, será lembrado com muito respeito e gratidão pelo nosso povo”.

Sim, era verdade que ele esteve protegendo os moradores ao meu redor, mas ao mesmo tempo, causava morte e destruição para outras pessoas que assim como ele tinha família, amigos e amores. 

Será que isso poderia ser chamado de coragem? Acabar com vidas não me parecia generoso e nem bondoso, que era como as pessoas caracterizavam os atos dos soldados. 

E aquela felicidade geral da nação quando era anunciada a vitória? Bem, tecnicamente é uma comemoração pela morte e desgraça dos outros. Imagine-se no lugar deles: "Tem gente comemorando a morte do meu amado!" 

Seriam esses os corretos atos humanos? Creio eu que não, pois se continuarmos assim, a maioria da população mundial poderia ser consideravelmente assassina e sedenta de morte, desejando sempre que o próximo perca, fazendo questão de se mostrar superior e mostrando o resultado de suas armas e bombas no próprio oponente, que provavelmente fará o mesmo no contra-ataque.

E assim caminharemos para o mesmo fim, esquecendo as necessidades humanas como o afeto e a compaixão, e se baseando no próprio conforto material, mas no fundo, sabendo que o único jeito de sobreviver em uma sociedade agradável e decente é mudando, mas ignorando esse último vestígio da correta racionalidade e, afinal, chegando ao vicioso círculo de disputas, o qual termina com a morte.

Originalidade


Ubiratan Galvão

Os tempos estão mudando. Para aqueles que acham que os robôs dominarão a terra, suas primeiras réplicas estão surgindo: Basta reparar nos shoppings, escolas, festas, os jovens de hoje em dia. Todos com o mesmo tipo de roupa, com o mesmo estilo, mesmo jeito. A obra da moda acabou com a originalidade das pessoas. Agora fica difícil localizar um jovem em meio à multidão, por isso, se algum dia se perder de seu filho, lhe desejo boa sorte.

As roupas da moda dominaram o cérebro de todos os adolescentes deixando-os inconsciente sobre sua própria opinião e estilo.

Mas espera aí! TODA ROUPA TEM MARCA!

Se você reparar pode perceber que as marcas de roupa mais utilizadas da moda estão gravadas nas bermudas, blusas, casacos dos jovens que sem saber parecem fazer uma propaganda para as tais marcas estampadas em seus peitos.

E o que a moda faz conosco? Mesmo escrevendo essa crítica aos jovens estereotipados das roupas de marca tenho que admitir que também faço uso de algumas dessas roupas, porém é preciso saber que não uso para ficar igual aos outros e sim porque gosto.

E agora com essa nova onda de usar a mesma roupa que um cara popular da escola usa, aquelas pessoas que ainda possuem estilo diferente que os demais são consideradas estranhas, doidas, apenas por não serem iguais a todos.

Portanto se algum dia você for gastar seu dinheiro suado só para ter um pouco do que os outros têm, pense:

"Eu poderia estar ajudando crianças com câncer!"

Brincadeira.

O jogo de tênis


Fernanda Bacha

Nada se iguala a sensação da vitória, de sentir conquistar algo muito importante e prazeroso. A cada momento de tensão, desde a batida na bola e de vela fazer um vôo belo e suave, a tensão aumenta e a expectativa da bola cair dentro transborda. E assim se seguia o jogo, repleto de tensão e de vitórias, pois em cada ponto vitorioso uma sensação nova era revelada, e com as derrotas mais vezes me cobravam.

Como é repleto de sensações um jogo, sendo quase sempre impossível estabelecer um parâmetro adequado entre controle e emoções sentimentais.

O impossível era não fazer o impossível, com cada expectativa estabelecida entre um lance de bola curta ou longa, o fato de pensar e agir um segundo antes da batida acontecer pode decidir completamente um jogo repleto de entusiasmo.

Estando prestes a fechar um jogo, se passa um flashback na cabeça de todos. Desde os pontos mais destacados até os mais corridos, porém sempre tendo que manter a calma, se não tudo descoberto será preso novamente por sete chaves dificultando ainda mais a esperança de serem reconquistado. Tento assim fazer tudo recomeçar de novo, de novo, de novo e de novo.