Maria Moura
Todos estavam vestidos de preto, lágrimas escorriam pelos rostos e todos os olhares na pessoa que se encontrava deitada dentro do caixão, morta. Havia um homem que falava algo aparentemente interminável, olhos um pouco úmidos e a cabeça baixa. Sua voz pairava dura no ar entre os soluços, e no final do seu discurso citou: “Ele foi um homem bom e corajoso, que trocou a própria vida pela segurança do nosso país, e que assim como muitos outros que se foram na guerra, será lembrado com muito respeito e gratidão pelo nosso povo”.
Sim, era verdade que ele esteve protegendo os moradores ao meu redor, mas ao mesmo tempo, causava morte e destruição para outras pessoas que assim como ele tinha família, amigos e amores.
Será que isso poderia ser chamado de coragem? Acabar com vidas não me parecia generoso e nem bondoso, que era como as pessoas caracterizavam os atos dos soldados.
E aquela felicidade geral da nação quando era anunciada a vitória? Bem, tecnicamente é uma comemoração pela morte e desgraça dos outros. Imagine-se no lugar deles: "Tem gente comemorando a morte do meu amado!"
Seriam esses os corretos atos humanos? Creio eu que não, pois se continuarmos assim, a maioria da população mundial poderia ser consideravelmente assassina e sedenta de morte, desejando sempre que o próximo perca, fazendo questão de se mostrar superior e mostrando o resultado de suas armas e bombas no próprio oponente, que provavelmente fará o mesmo no contra-ataque.
E assim caminharemos para o mesmo fim, esquecendo as necessidades humanas como o afeto e a compaixão, e se baseando no próprio conforto material, mas no fundo, sabendo que o único jeito de sobreviver em uma sociedade agradável e decente é mudando, mas ignorando esse último vestígio da correta racionalidade e, afinal, chegando ao vicioso círculo de disputas, o qual termina com a morte.
Um comentário:
oi maria,
vc está contestando a figura do herói na sua crônica. interessante a sua leitura através da escrita do herói de guerra. e a guerra ainda hj tão atual!
muito interessante a sua crônica.
gostei em especial.
bj
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