quarta-feira, 6 de maio de 2009

Rotina dançada do século XXI


Isadora Furtado

Às vezes penso no que se passa na cabeça dos pais de bailarinos, que tem de enfrentar o trânsito da cidade grande nos horários de mais pico. Penso que eles se desesperam quando vai chegando o fim da tarde, ainda mais quando está em questão o início de uma noite chuvosa, onde tudo piora. A nossa necessidade de dançar e de ensaiar, a preguiça de sair de casa pra ter de trocar de marcha a cada minuto, devido ao excesso de veículos, toda uma viagem à academia de dança. É tudo extremamente sacrificante.

Sacrificante mas necessário. Extremamente necessário. E importante. Muito importante. Para nós que dançamos, essa é a melhor parte do dia. Contamos os segundos para chegar nesse horário no mínimo estressante para alguns, mas gracioso para outros.

Sabe, pra gente, dançar é algo que não tem preço. Quem gosta mesmo, se dispõe a passar horas e mais horas na academia. Dispõe-se a ter muitos problemas nos pés. Dispõe-se a passar momentos de muito nervosismo para apresentar uma coreografia para os outros. Dispõe-se a perder alguns compromissos para ensaiar. Mas uma coisa é possível ter certeza: independente de todos esses obstáculos que nos cercam, nenhum bailarino se arrepende do que faz. O que nós sentimos pela dança, é uma paixão incalculável e extremamente essencial.

E é isso que eu me pergunto: será que vale mesmo a pena? Infelizmente, está cada vez mais difícil se dedicar de verdade a alguma coisa no século XXI. Esse trânsito, essa correria... Isso tudo mata. Não só dançar e ensaiar, mas o prazer de dirigir e levar os filhos para algo que eles gostem tanto, está ficando cada vez mais sacrificante e estressante.

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